terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Prazer De Deus em Seu Filho



O Prazer De Deus em Seu Filho.



Mateus 17:5
Este é o meu Filho amado de quem me agrado.

Introdução

Nós estamos começando uma nova série de mensagens hoje que, se Deus quiser, irá até o domingo de Páscoa, dia 19 de Abril. Então, eu gostaria de começar explicando como eu fui movido a desenvolver esta série.

Ver é Tornar-se

Quando se trata do entendimento de o que deve acontecer no ato da pregação, eu sou guiado por vários textos bíblicos, especialmente 2 Coríntios 3:18:
E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito.  
Eu acredito que este texto nos ensina que uma das maneiras em que somos transformados progressivamente à semelhança de Cristo é olhando para sua glória. “Todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados.” A maneira de tornar-se mais e mais como o Senhor é fixar seu olhar em sua glória e mantê-lo em foco.
Nós cantarolamos a música que escutamos. Nós falamos como os nossos amigos. Nós pegamos as manias dos nossos pais. E nós, naturalmente, tendemos a imitar aqueles que mais admiramos. E do mesmo jeito é com Deus. Se nós fixarmos nossa atenção nele e mativermos sua glória em foco, nós seremos transformados de glória em glória, à sua semelhança. Se os adolescentes tendem a usar o mesmo penteado que os artistas que eles admiram, do mesmo modo Cristãos tenderão a formar seu caráter como o Deus que eles admiram. Nesse processo espiritual ver não é apenas crer; ver é tornar-se.

A Pregação Como a Revelação da Glória de Deus

A lição que eu tiro disso para a pregação é que em grande parte ela deve ser a revelação da glória de Deus, porque o objetivo da pregação é transformar as pessoas à selhança de Cristo. Eu acho que isto bate com a visão de Paulo sobre a pregação porque apenas quatro versículos depois, em 2 Coríntios 4:4, ele descreve o conteúdo de sua pregação como “a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” E logo depois, no versículo 6, ele o descreve um pouco diferente como a “iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.”
Então, de acordo com Paulo, a pregação é um meio de se iluminar corações obscurecidos de homens e mulheres.
No versículo 4 a luz é chamada de “luz do evangelho”, e no versículo 6 a luz é chamada de “luz do conhecimento”.
No versículo 4 o evangelho é o evangelho da glória de Cristo, e no versículo 6 o conhecimento é o conhecimento da glória de Deus. Portanto, nos dois versículos a luz transmitida para dentro do coração é a luz da glória – a glória de Cristo e a glória de Deus.
Mas estas não são realmente duas glórias diferentes. No versículo 4 Paulo diz que é a glória de Cristo, que é a imagem de Deus. E no versículo 6 ele diz que a glória Deus está na face de Cristo. Portanto a luz transmitida na pregação é a luz da glória, e pode-se referir a esta glória como a glória de Cristo que é a imagem de Deus, ou a glória de Deus perfeitamente refletida em Cristo.
A pregação é a revelação ou a demonstração ou a exibição da glória divina ao coração de homens e mulheres ( 4:4-6), de maneira que pela contemplação desta glória eles sejam transformados à semelhança do Senhor com glória cada vez maior (3:18).

Conhecimento Pela Própria Experiência

Esta não é uma construção artificial ou meramente intelectual. Ela é precisamente o que eu conheço como verdade por minha própria experiência (como muitos de vocês também sabem!): Ver Deus como ele realmente é tem se provado, vez após vez, uma força poderosa e constrangedora motivando-me em minha busca por santidade e alegria nele.
Você e eu sabemos por experiência própria que o conflito principal na alma humana é entre duas glórias – a glória do mundo e todos os breves prazeres que ele pode oferecer, contra a glória de Deus e todos os prazeres eternos que ela pode oferecer. Estas duas glórias competem pela fidelidade, admiração e deleite dos nossos corações. E o papel da pregação é demonstrar, descrever, retratar e exibir a glória de Deus de um modo que sua excelência e valor superiores brilhem no seu coração para que você seja transformado com glória cada vez maior.

O Desafio Perante o Pregador

Isso significa que como um pregador eu sou, continuamente, confrontado com a questão: Como eu posso retratar da melhor maneira a glória de Deus de modo que o máximo de pessoas a verá e será transformado por ela? Enquanto eu me fazia esta pergunta no retiro, duas semanas atrás, uma nova resposta veio à minha mente.
Eu estava lendo novamente parte de “A vida de Deus na alma do homem” (The Life of God in the Soul of Man) de Henry Scougal. Ele fez esse intrigante comentário: “O valor e a excelência de uma alma devem ser medidos pelo objeto do seu amor” (p. 62). Aquilo me bateu como uma grande verdade. E me veio o pensamento que se é verdade para o homem, como Scougal sugeriu, certamente é também verdade para Deus: “O valor e excelência da alma de DEUS deve ser medido pelo objeto de seu amor”.
Eu então procurei nas Escrituras por vários dias todos os lugares que nos dizem o que é que Deus ama, em que ele se alegra, se deleita, se agrada e se regozija. O resultado é um plano para pregar 13 messagens  entituladas “Os prazeres de Deus”.
Então é minha oração, e eu espero que você a fará sua oração, que ao ver os objetos do prazer de Deus nós veremos a excelência e o valor de sua alma; e ao vermos sua glória nós seremos transformados com glória cada vez maior à sua semelhança; e ao sermos transformados à sua semelhança nós confrontaremos essa cidade, e os povos inalcançados da Terra, com um testemunho vivo de um Salvador grande e irresistivelmente atraente. Que o Senhor se agrade em nos mandar um grande reavivamento de amor, santidade e poder enquanto nós olhamos para ele e oramos seriamente durante as próximas 13 semanas.

Exposição

Para retratar o valor da alma de Deus no objeto do seu amor nós devemos começar do início. A primeira e mais fundamental coisa que podemos dizer sobre os prazeres de Deus é que ele tem prazer em seu Filho. Eu vou tentar desenrolar esta verdade em 5 afirmações.
1. Deus tem prazer em seu Filho.
Em Mateus 17 Jesus leva Pedro, Tiago e João a uma montanha. Quando eles estão sozinhos algo completamente surpreendente acontece. De repente Deus dá a Jesus uma aparência de glória. Versículo 2: “Sua face brilhou como o sol, e suas roupas se tornaram brancas como a luz.” Depois, no versículo 5 uma nuvem resplandecente os envolve e Deus fala da nuvem: “Este é o meu Filho amado de quem me agrado. Ouçam-no!”
Primeiro, Deus dá aos discípulos um breve lampejo da verdadeira glória celestial de Jesus. Isto é o que Pedro diz em 2 Pedro 1:17 – “[Cristo] recebeu honra e glória da parte de Deus Pai.” Daí Deus revela seu coração pelo Filho e diz duas coisas: “Eu amo meu Filho” (“Este é o meu Filho amado”) e “eu tenho prazer em meu filho” (“de quem me agrado”).
Ele diz isso em uma outra ocasião: no batismo de Jesus, quando o Espírito Santo desce e unge Jesus para o seu ministério, significando o amor e o apoio do Pai – “Este é o meu Filho amado de quem me agrado.”
E no evangelho de João, Jesus fala várias vezes sobre o amor do Pai por ele: por exemplo, João 3:35, “O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos.” João 5:20, “O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que faz.”
(Veja também Mateus 12:18 onde Mateus cita Isaías 42:1 em referência a Jesus: “Eis o meu servo, a quem escolhi, o meu amado, em quem tenho prazer.” A palavra hebraica traduzida como ‘tenho prazer’ é ratsah, e significa ‘deileitar-se.’)
Então nossa primeira afirmação é que Deus Pai ama seu Filho, não com auto-negação, misericórdia sacrificial, mas com o amor de deleite e prazer. Ele se agrada de seu Filho. Sua alma deleita-se no Filho. Quando ele olha para seu Filho ele gosta, trata com carinho, admira, estima e aprecia o que vê.
2. Filho de Deus é totalmente divino.
Esta verdade vai nos livrar de cometermos um erro sobre a primeira. Você deve concordar com a afirmação de que Deus tem prazer em seu Filho mas talvez cometa o erro de pensar que o Filho é, meramente, um homem extraordinariamente santo que o Pai adotou como Filho porque deleitava-se muito nele.
Mas Colossenses 2:9 nos dá uma perspectiva muito diferente das coisas. “Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” O Filho de Deus não é meramente um homem escolhido. Ele tem a plenitude da divindade nele.
E Colossenses 1:19 relaciona isso com o prazer de Deus: “Toda a plenitude [da divindade] agradou-se em habitar nele.” Ou você poderia dizer (com a NVI), “Foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a [sua] plenitude.” Em outras palavras, Deus teve prazer em fazer isso. Deus não olhou para o mundo a fim de achar um homem que se qualificaria para seu deleite para daí adotá-lo como seu Filho. Ao contrário, o próprio Deus tomou a iniciativa de colocar sua plenitude em um homem no ato da incarnação. Ou nós poderíamos dizer que ele tomou a iniciativa de cobrir a plenitude de sua própria divindade com a natureza humana. E Colossenses 1:19 diz que foi do seu agrado fazê-lo. Foi o seu prazer e deleite.
Nós podemos tender a dizer que Deus não encontrou um Filho que o agradasse, mas ele fez um Filho que o agradasse. Mas isto também induziria a um erro porque esta plenitude da divindade, que agora habita corporalmente (Colossenses 2:9) em Jesus, já existia de forma pessoal antes que ele tomasse a naturaza humana em Jesus. Isto nos leva adiante na Divindade e à afirmação 3.
3. O Filho em que Deus se deleita é a imagem eterna e reflexão de Deus e é, por conseguinte, o próprio Deus.
Aqui em Colossenses 1:15 Paulo diz,
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação [isto é, aquele que tem a posição exaltada de Filiação divina sobre toda a criação, como mostra a próxima frase], pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra.
O Filho é a imagem do Pai. O que isto significa? Antes de dizermos, vamos considerer outras designações similares.
Hebreus 1:3 diz do Filho,
O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando  todas as; coisas por sua palavra poderosa.
Em Filipenses 2:6 Paulo diz,
Embora sendo Deus (ou embora existindo na forma de Deus), não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo.
Então, o Filho em quem Deus se deleita é sua própria imagem; é o resplendor da sua própria glória; é a expressão exata do seu ser; existe na forma de Deus; e é igual a Deus.
Logo, nós não devemos ficar surpresos quando o apóstolo João, em João 1:1, diz:
No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus.
Seria um grande erro dizer que o Filho de quem Deus se agrada foi feito ou criado na incarnação ou em qualquer tempo. “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus.” Pelo mesmo tempo em que existe Deus, tem existido a Palavra de Deus, o Filho de Deus, que tomou a natureza humana em Jesus Cristo.
Agora nós podemos ter uma melhor idéia de o que a Bíblia quer dizer quando o chama de a imagem ou resplendor ou expressão exata ou forma de Deus que é igual a Deus.
Por toda a eternidade até hoje a única realidade que sempre existiu é Deus. Isto é um grande mistério, porque é muito difícil para nós pensarmos em Deus não tendo uma origem, apenas estando lá para todo o sempre sem nada ou ninguém tendo feito com que ele lá estivesse – uma realidade absoluta à qual cada um de nós deve ajustar-se, goste ou não.
A Bíblia ensina que esse Deus eterno tem tido por todo o sempre:
  • uma imagem perfeita de si mesmo;
  • uma reflexão perfeita de sua essência;
  • um perfeito estigma ou impressão de sua natureza;
  • uma perfeita forma ou expressão da sua glória.
Nós estamos no limite do inefável aqui, mas talvez nós possamos ousar dizer a seguinte grandeza: Deus tem, por todo o sempre, sendo Deus, tido consiência de si mesmo, e a imagem que ele tem de si mesmo é tão perfeita e tão completa e abundante assim como é a reprodução (criação) viva e pessoal dele mesmo. E esta imagem ou reflexão ou forma viva e pessoal de Deus é Deus, a saber, Deus Filho. E, logo, Deus Filho é co-eterno com Deus Pai e igual em essência e glória.
4. O Prazer de Deus em seu Filho é prazer em si mesmo.
Sendo o Filho a imagem de Deus e o resplendor de Deus e a expressão exata de Deus e a forma de Deus, igual a Deus e, de fato, sendo Deus, logo, o deleite de Deus no Filho é deleite em si mesmo. Logo, a alegria fundamental, mais profunda, primária e original de Deus é a alegria que ele tem em suas próprias perfeições conforme ele as vê refletidas em seu Filho. Ele ama o Filho e se deleita no Filho e se alegra no Filho porque o Filho é o próprio Deus.
A princípio isso soa como vaidade e passa o sentimento de convencimento e presunção e egoísmo, porque isto é o que seria se algum de nós encontrasse sua maior e mais profunda alegria olhando-se no espelho. Seriamos vaidosos, convencidos, presunçosos e egoístas.
Mas por quê? Porque nós fomos criados para algo infinitamente melhor e mais nobre e maior e mais profundo que auto-contemplação. O quê? A contemplação e o gozo de Deus! Qualquer coisa a menos que isso seria idolatria. Deus é o mais glorioso de todos os seres. Não amá-lo e deleitar-se nele é um grande insulto ao seu valor.
Mas o mesmo é verdade para Deus. Como poderia Deus não insultar o que é infinitamente belo e glorioso? Como poderia Deus não cometer idolatria? Há somente uma resposta possível: Deus deve amar e deleitar-se em sua própria beleza e perfeição acima de todas as coisas. Nós fazermos isso em frente ao espelho é a essência da vaidade. Deus fazer isso em frente ao seu Filho é a essência da retidão.
Não é a essência da retidão ser movido por um delite perfeito no que é perfeitamente glorioso? E não é o oposto da retidão quando nós colocamos nossas maiores afeições nas coisas de menor ou nenhum valor?
E então, a retidão de Deus é o infinito zelo e alegria e prazer que ele tem em seu próprio valor e glória. E se ele, em algum momento, agisse contra essa eterna paixão por suas próprias perfeições, ele seria iníquo. Ele seria um idólatra.
Nisso está o maior obstáculo para nossa salvação: pois como poderia esse Deus justo colocar suas afeições em pecadores como nós? Mas nisso também está o fundamento da nossa salvação, pois é precisamente a infinita estima que o Pai tem pelo Filho que faz possível para mim, um pecador perverso, ser amado e aceito no Filho; porque em sua morte ele restaurou todo o insulto e dano que eu causei à glória de Deus pelo meu pecado.
Nós veremos isso vez após vez nas semanas seguintes – como o prazer infinito do Pai em suas próprias perfeições é a fonte de nossa redenção e esperança e eterna alegria. Hoje é apenas o começo.
Eu encerro com a quinta afirmação e aplicação final. Se Scougal está certo – que o valor e a excelência de uma alma devem ser medidos pelo objeto ( e eu acrescentaria, pela intensidade) do seu amor – então...
5. Deus é o mais excelente e digno entre todos os seres.
Por quê? Porque ele tem amado seu Filho, a imagem de sua própria glória, com energia infinita e perfeita, por toda a eternidade. Quão gloriosos e felizes têm sido o Pai, o Filho e o Espírito Santo, juntos, por toda a eternidade!
Que nós reverenciemos este grande Deus! E que nós abandonemos todos os ressentimentos insignificantes, todos os prazeres efêmeros e buscas vazias da vida, e participemos do contentamento que Deus tem na imagem de suas próprias perfeições – seu Filho. Oremos:
Deus justo, infinito e eterno, nós confessamos que temos, freqüentemente, o diminuído e exaltado nós mesmos ao centro das nossas afeições, onde somente você pertence na imagem de seu Filho. Nós arrependemos e deixamos nossa presunção e , alegremente, reverenciamos sua felicidade eterna e auto-suficiente na união da Trindade. E nossa oração, nas palavras de seu Filho (João 17:26), é que o amor com que você o amou esteja em nós, e ele esteja em nós, para que participemos dessa relação de alegria e desse oceano de amor para todo o sempre. Amém.
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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Satanás Usa o Desejo Sexual


Satanás Usa o Desejo Sexual


1 Coríntios 7:1-7
Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência. Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento. Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.
O nosso foco no domingo será a grande verdade de 1 João, que “o Filho de Deus veio ao mundo para desfazer as obras do diabo.” Na última semana expusemos uma dessas obras, isto é, que Satanás se esforça para levar embora a Palavra de Deus quando esta é pregada. Hoje nós exporemos outra obra de Satanás, ou seja, que ele usa o desejo sexual.
O texto ensina pelo menos quatro coisas.

1. Celibato é um dom a ser celebrado

Você poderia chamar 1 Coríntios 7 o manifesto de Paulo para a vida solteira. Quando ele diz no versículo 1 “bom seria que o homem não tocasse em mulher”, tem em vista a mesma coisa que no versículo 8: “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.” “Bom seria que o homem não tocasse em mulher” significa “É bom ser solteiro.”
Paulo versus a Concepção Moderna de Celibato
Paulo estava tão plenamente comprometido com a vida de celibato que ansiava que todos tivessem a mesma vida. Mas a razão porque ele tinha grande apreço pela vida solteira é exatamente oposta daquela por que muitos hoje gostam da vida solteira e mesmo romperiam casamentos a fim de novamente gozar a solteirice. Hoje a solteirice é apreciada por muitos porque traz a liberdade suprema para a auto-realização. Você mexe os seus próprios pauzinhos. Ninguém restringe o seu modo de ser.
Mas Paulo estimava a sua solteirice porque ela o deixava totalmente à disposição do Senhor Jesus. Nem esposa nem filhos precisariam ser levados em conta quando a missão por Cristo fosse perigosa. Nenhum dinheiro precisaria ser gasto em roupas e na educação do pequeno Paulo júnior. Não precisaria ser dispensado tempo preservando e cultivando a relação com sua esposa.
Celibato Como Propósito de Escravidão a Cristo
Segundo os versículos 32-35, Paulo promovia o celibato porque ele se deleitava em servir a Cristo com tão poucas distrações quanto fosse possível, e almejava isso para os outros também. A disposição contemporânea promove solteirice (mas não castidade) porque ela livra da escravidão. Paulo promove a solteirice (e castidade) porque ela livra para a escravidão — ou seja, escravidão a Cristo.
Deus chamou muitos de vocês para uma vida de celibato. O ensino dessa passagem para você é que esse é um dom a ser celebrado. Você estaria pensando — como muitos de vocês — em que sentido a sua liberdade pode ser maximizada pela causa de Cristo aqui e pelo mundo. Você tem algumas vantagens que a pessoa casada não tem.

2. Celibato não é para todas as pessoas

Nem todos são chamados ao celibato como Paulo. O versículo 7: “Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.” Da mesma forma que Paulo gostaria de recomendar o celibato a todas as pessoas, ele faz referência à sabedoria de Deus que chama alguns para casar. Celibato não é para todas as pessoas.

3. Casamento é uma barreira para a torrente de fornicação e adultério

Casamento é uma barreira para a onda de fornicação — relações sexuais fora do casamento. Após dizer no versículo 1 que bom seria que o homem não tocasse em mulher (isto é, celibato é bom), Paulo diz no versículo 2: “Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.”
A Clara Proibição ao Intercurso Sexual Pré-marital
Essa é uma clara proibição ao intercurso sexual pré-marital. Há evangélicos alegando hoje que a palavra para “imoralidade” no Novo Testamento (porneia) referese somente à promiscuidade, mas não ao intercurso sexual pré-marital para casais comprometidos. Mas esse é um exemplo de se definir uma palavra com muito pouca sensibilidade ao contexto moral e teológico em que ela é empregada.
Quando no capítulo proibiu a imoralidade, Paulo mais definitivamente tinha em mente sexo pré-marital entre casais comprometidos. Veja, por exemplo, em 1 Coríntios 7:36-37. “Mas, se alguém julga que trata indignamente a sua virgem, se tiver passado a flor da idade, e se for necessário, que faça o tal o que quiser; não peca; casem-se. Todavia o que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas com poder sobre a sua própria vontade, se resolveu no seu coração guardar a sua virgem, faz bem.” O que nos leva de volta ao ponto do versículo 1, “bom seria que o homem não tocasse em mulher.” Agora, sejamos honestos. Não está claro o que Paulo ensina sobre sexo prémarital para casais comprometidos? Ele ensina que a vida de solteiro é o preferido (como vimos antes), mas que se o desejo sexual é forte… o quê? Vão em frente e durmam juntos, desde que vocês estejam comprometidos um com o outro e tenham gozado todas as outras formas de intimidade? Não! Ele diz que se o desejo é forte, case. Intercurso sexual pré-marital para casais comprometidos não é uma opção cristã. E eu recomendo um artigo de um conselheiro cristão da Standard deste mês, pela excelente exposição de algumas das razões por trás desse padrão divino de castidade (“The Eroding Effect of Premarital Sex”, por P. Roger Hillerstrom).
A mesma coisa é clara a partir do nosso texto no versículo 2. “Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.” Ele não diz que ficar comprometido é a solução para a tentação sexual. Ele não diz que um compromisso verbal anterior ao casamento justifica o ato do intercurso sexual. Ele diz “Se o seu desejo por relações sexuais com a sua companheira é forte, vá em frente, case.” Casamento é a barreira designada por Deus à torrente de fornicação no mundo. Você não pode cometer fornicação após estar casado.
Uma Barreira contra o Adultério
Mas você pode cometer adultério. Este é o porquê de Paulo se pôr a mostrar que casamento tem também o propósito de ser uma barreira contra o adultério. Os versículos 3-5: “O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.”
É claro a partir desse texto que as boas relações sexuais no casamento pretendem ser uma barreira contra a torrente de adultério. Maridos e esposas têm o dever de se dispor às relações sexuais um com o outro de forma tal que a tentação do adultério seja significativamente enfraquecida.
Três Elementos da Satisfação Sexual no Casamento
Note cuidadosamente a forma como eu disse isso. Maridos e esposas têm o dever de se dispor às relações sexuais um com o outro de modo tal que a tentação do adultério seja significativamente mitigada. A implicação desse texto é que maridos e esposas devem satisfazer sexualmente um ao outro, tal que seus olhos e corações não perambulem atrás de satisfação em outro lugar. Há muitos elementos que cooperam com essa satisfação. Deixe-me mencionar três deles.
1. A Freqüência do Intercurso Sexual
Um desses elementos é mencionado por Paulo no versículo 5, isto é, a freqüência do intercurso sexual. Ele diz que casais não devem se abster por muito tempo das relações sexuais para que não sejam vítimas da tentação do adultério. Freqüência é um elemento que coopera com a satisfação nas relações sexuais.
2. Atração Física
Outro elemento seria se marido e esposa são fisicamente atraídos um ao outro. Eu admito que essa é uma questão muito delicada e complexa. É delicada porque há muitas coisas em nós que não podemos mudar e outras que são difíceis de mudar. É complexa porque a união íntima de duas pessoas pode fazer com que elas vejam beleza uma na outra que outras pessoas não podem ver.
Todavia, se é verdade que a atração física de um pelo outro é parte daquilo que torna satisfatória uma relação sexual, penso que esse texto implica que maridos e esposas têm o dever espiritual de tentarem ser atrativos um ao outro. Nenhum de nós pode competir com os símbolos sexuais dos nossos dias. E nem deveríamos tentar isso. Há alguns de nós, de fato, que colocam ênfase demasiada na aparência exterior. Mas certamente a visão bíblica é um balanço entre uma autoconsciência excitada por cada ruga e quilograma e fio de cabelo grisalho de um lado, e por outro lado uma negligência descuidada que não atenta à consideração do nosso parceiro quanto à forma que deveríamos nos vestir, comer, tomar banho ou agir em público. A exortação dessa porção das Escrituras é que deveríamos ser sexualmente satisfatórios ao nosso cônjuge a fim de afastar os pensamentos da tentação de procurar satisfação em outro lugar.
(Deixe-me inserir uma advertência. Não infira a partir disso que se o seu parceiro não o satisfaz você tem o direito de procurar satisfação em outro lugar. Casamento é infinitamente mais do que sexo. E um desapontamento nessa área não é uma dispensa honrada dessa relação.)
3. A Integridade de Ambos os Lados no Relacionamento
A despeito da freqüência das relações sexuais e da atratividade de um pelo outro, a satisfação também depende, em terceiro lugar, da dignidade de ambos os lados no relacionamento. Se há raiva, mágoa, ressentimento, sentimentos feridos, nós usualmente não procuramos o contato mútuo, tanto menos nos abraçamos. Assim, o texto é também uma exortação para que nos humilhemos, nos arrependamos e busquemos perdão e renovação em nosso casamento.
[…]
Até o momento definimos, então, que:
1. Celibato é um dom a ser celebrado.
2. Celibato não é para todas as pessoas.
3. Casamento é uma barreira para a torrente de fornicação e adultério, pois dispõe a forma de Deus para a satisfação do desejo sexual.

4. Satanás Usa o Desejo Sexual

Eu não estou dizendo que Satanás cria o desejo sexual. Deus é que criou o desejo sexual. Sentir desejo sexual não é algo pecaminoso ou satânico. Satanás não cria o desejo sexual; ele o usa — ou mais precisamente, abusa dele.
Desejo Forte e Vulnerabilidade a Satanás
O versículo 5 diz “Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” Quando o desejo sexual aumenta, Satanás dirige a sua bateria de mísseis em marcha rápida. O aumento do desejo sexual não significa vitória de Satanás, mas vulnerabilidade a ele.
Há uma verdade muito simples operando aqui: quanto mais intenso for o desejo sexual, mais propensos estaremos ao engano de julgar que não é errado satisfazer esse desejo por meio da fornicação, adultério ou masturbação. A mesma verdade se aplica a todas as áreas da nossa vida: quanto mais forte for o nosso desejo por alguma satisfação, mais vulneráveis estaremos ao engano sobre o que é certo ou errado no que se refere à forma que tentamos satisfazer esse desejo.
Por exemplo, esta é a razão porque quando você ou sua companhia espera que você esteja sozinho num carro para decidir o que é certo ou errado a respeito da fornicação é quase certo que você decidirá a favor dela. Satanás toma o desejo e usa o poder do desejo para fazer a sugestão soar aceitável. Nós estamos numa condição melhor para a reflexão moral quando o desejo está num nível baixo, tal que quando as ondas das racionalizações satânicas quebrem sobre nossas mentes no momento da tentação, teremos um ponto de apoio na verdade e não seremos lançados para a conduta que parece ser tão boa.
Os Esforços de Satanás Para Destruir a Pérola do Desejo Sexual
Deixe-me dizer isso novamente. Satanás não cria o desejo sexual. O desejo é bom e Satanás nunca produziu algo bom. Seu objetivo pleno é destruir o que Deus criara para ser bom. Existem dois modos pelos quais você pode destruir uma pérola. Você pode cortar ela fora da ostra antes que tenha amadurecido ou você pode dar ela de alimento aos porcos. Satanás faz o possível para remover o desejo sexual da ostra da graça e da verdade de Deus. Se ele conseguir que pessoas isolem o sexo da realidade de Deus, ele terá virtualmente destruído seu verdadeiro significado e beleza. Ele também faz o possível para tomar a pérola do desejo sexual e, ao invés de colocá-la no pendente do casamento, dá de comer aos porcos da fornicação, do adultério, da pornografia, do incesto, do abuso infantil e da homossexualidade.
Mas a pérola do desejo sexual é feita para crescer e chegar à plenitude da sua beleza na graça e na verdade de Deus, seu fabricante, e então ser tomada e colocada no pendente dourado do casamento. Ou, para aqueles que são chamados para tomar o caminho do celibato, a pérola do desejo sexual é feita para ser um tipo de rolamento minúsculo no carango da criatividade humana.
Pitirim Sorokin, um professor de sociologia em Harvard, e J. D. Udwin realizaram um estudo em história social que concluiu que “os períodos de liberdade sexual foram os mais pobres do ponto de vista cultural, ao passo que aqueles períodos em que a moralidade e a convenção social impuseram restrições sobre a atividade sexual foram os mais ricos na produção criativa” (Christianity Today, Nov. 23, 1984, p. 29). Mas Satanás usará qualquer coisa que puder para arruinar essa pérola do desejo sexual, cortando-a da graça e da verdade de Deus, ou dando-a de comer aos porcos do adultério e da pornografia, ou restringindo pessoas solteiras de porem suas energias a serviço de uma vida de diligência criativa pela causa de Cristo.
Satanás é Real e Poderoso
Por favor, tome isso com bastante seriedade. Satanás não é alguém fácil de derrotar. Ele é real e poderoso. Ele mantém milhões de pessoas firmemente em sua servidão. E ele está procurando mais pessoas a todo o momento. Eu ouvi ontem de alguém da nossa comunidade a respeito de uma pessoa que rejeitou uma refeição num vôo, e quando inquirida do por que disso, essa pessoa disse que estava jejuando e orando a Satanás. Quando inquirida acerca do que estava orando, ela disse que estava orando pelo rompimento do casamento de pastores.
Se você fosse um adorador de Satanás, e procurasse saber quais são os objetivos do seu mestre, tal que saberia então como orar, onde iria para saber mais a respeito? Você iria ao encontro da Bíblia, pois ela dá um retrato verdadeiro daquilo com que Satanás está ocupado no mundo. E você leria, entre outras coisas, que ele está ocupado em destruir casamentos. Satanás é totalmente comprometido com o adultério e com todos os problemas pessoais que levam a ele. Aprenda das Escrituras esta manhã. Quando você luta contra a tentação sexual, sua luta é contra Satanás. Não porque ele criou o desejo, mas porque ele usa o desejo de forma muito poderosa e enganadora.

Resistindo às Mentiras de Satanás Pelo Conhecimento de Deus

Mas nunca esqueça, “O Filho de Deus veio ao mundo para desfazer as obras do diabo.” O significado do advento é a vitória para todos aqueles que conhecem o Filho de Deus. Há uma forma de resistir à tentativa de Satanás de usar o seu desejo sexual.
Deixe-me encerrar dirigindo a sua atenção à passagem em 1 Tessalonicenses 4, mais exatamente os versículos 3-5. Aqui Paulo mostra a diferença crucial entre aqueles governados por suas paixões e aqueles governados por um senso de santidade e reverência. “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição; Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus.”
O ponto-chave é “que não conhecem a Deus.” Se você perguntasse a Paulo ‘O que eu posso fazer para que eu fique protegido do poder de Satanás de me enganar no pecado sexual?’ sua resposta seria ‘Conheça a Deus.’ Dedique-se com esmero ao conhecimento de Deus. Seja diligente na busca por uma visão sempre mais ampla de Deus.
Ele disse em Romanos 1:28, “E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm.” Mas se você acumula o conhecimento de Deus é diligente em sua busca, a escravidão da torpeza será rompida. Em Gálatas 4:8, Paulo disse “Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses.” Libertação da escravidão de Satanás e das suas forças vem pelo conhecimento de Deus.
Ou, como Pedro expressou em sua segunda carta (1:3): “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude.” Quanto melhor conhecer a glória e a virtude de Deus, menor será o poder que Satanás terá sobre você. Você não pode ser facilmente enganado de que o caminho de Satanás é melhor quando você realmente conhece o caminho de Cristo.
A única forma de lutar contra a mentira do prazer pecaminoso é com a verdade do prazer reto. Quando você chegar ao conhecimento pleno de Deus — que “em Sua presença há plenitude de alegria e em Sua mão direita estão prazeres para todo o sempre” — você terá vencido Satanás de uma vez por todas. Ele é um mentiroso e não tem poder sobre aqueles que realmente conhecem a Deus.
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